The Oaths I Have Taken


No more than you, not less than all others

These words will flash as lightning storm
No less than thou, far more than the common
The wind that flutters lead them on

From shore to shore, the rusted sands
Will stain the earth, from shore to land
A rush of blood beseech the flies
To burst in flame eternal skies

And spear and shield, and shield and sword
May clash and crush against each other
Why should today I slay my soul?
Betraying a heart that my own heart soften

All vows and prayers and hopes and dreams
All torn in shreds and cast aside
Such terror plan I beg to cease
For evermore, before the Gods
My soul in struggle will never be at ease

My fortress crack, yet standing tall
Yet to prevail and resist the storming fall
I’d rather see the world undone
Before the glimpse, or shade of sin
Turns into ash, and ash to dust

The one I love, the one I chose my heart to trust.

 

The Drowning and the Wretched: A Nightmare Transcripted

From immemorial times to nowadays, mankind gaze upon the infinite skies, asking questions never answered by supposed Gods and Deities that dwell in starlit silver towers. From above, men believe they’re looking down upon us all with kindness, passion, and mercy.

I beg to differ.

The infinity of engulfing blackness and void, play host to the unknown. Beings of amorphous nature, elders to the very existence of time, are the eyes which stare at us with indifference. A scrap, mistake, or accident in the never ending cycles of the Cosmos. THIS is the position of mankind before primordial chaos.

Such abominations come to me in night time. Dreamscapes of insidious desolation, wherein hope is no more than a fading glimpse of false reality, shattered as the thinnest glass beneath my uncovered feet. The outcome of such aggression against the mind is reduced to the words thou share herein, for my everlasting shame and horror.

By the shores of a random location, the surroundings seem to be painted grey, untouched by the sun, clouded by deep black spirals that dragged down the firmament.

The vast seas… upholding secrets never to be brought alight. The sheer daring of a thought on the immersed chasms of hellish nothingness are too much to bear.

Nevertheless, here I stand before it. Paralysis is the curse I’m unable to break. Out of the skies wrapped in darkness, horrors I dare not describe ride forth towards the surface. No voice could be heard, including my own. In my very bones I could feel the final and unattainable wave of fear, in its purest form.

A figure of amorphous silhouette, covered by slimy, bulgy eyes, with no visible mouth, touches the thin water far from the shore, such as a fathomless monolith. Out of the sudden, a voice I dare not to admit as a voice soars through my exhausted mind. No word is familiar whatsoever. The lack of comprehension reaches out for a climax. Madness open wide its arms, preparing the final embrace.

Nature itself bows down to the will of the Old Ones, and cast upon me a wave that could touch the stars. In a flash, the Veil of Maya, the false sensation of security, drown with me. Beneath these waters, I hypocritically pray to the Heavens as the last resort amongst incalculable desperation.

I feel the disconnection of my inner self from the carnal shell. Misfortunately, clearly I could behold the countless corpses and fragments of other beings once alive around me. Their faces were of horror, with eyes wide open, as if begging for mercy in the last seconds of wretched existence.

And slowly, and experiencing the utmost dread of what was to come, I hear aloud the voice of the High Priest, whom arose from the dark waters of His Corpse-City: WAKE NOW! WAKE NOW, AND LIVE LIFE, FOR THY MIND BELONG TO ME!

Cold sweat… sensation of a free fall… Lying in my bed, I dare not to understand the meaning of such event. Not even discuss it. The fear of the unknown once again is proven to be the greatest… the meaningless words… IA IA, SHUB NIGGURATH became screams in endless loop inside my head… a dream inside a dream…

I rise from bed, and face the mirror… what have I become? What have I…

De Sinistras Intenções – Atos 1 e 2 em português

Ato 1 – Prelúdio

Um pai viúvo sofre de um raro tipo de esquizofrenia, o mesmo controlado por medicamentos pesados.

Suas duas filhas, devastadas pela súbita perda da mãe, são propositalmente alheias ao problema do pai, que parece ser totalmente dedicado a sua prole, desprezando o infeliz destino de sua também mentalmente instável esposa.

 Noite após noite, desconexos fragmentos de nefastas memórias habitavam seus pesadelos, ao lado de vultos de figuras e seres além do alcance de sua compreensão.

 Na noite de 10 de Outubro de 2006, o desespero reinava soberano e incostestado sob a mente deste homem.

 Figuras e seres que unicamente habitavam seus sonhos mais nefastos, agora estavam, de alguma forma, vivos. Respirando. Sua presença, inquestionável.

 Repentino e opressor, o ar se torna gélido, enquanto uma inexplicável e fina camada de gelo acinzentado cobre as janelas, em ritmo sádico. O mesmo se torna irrespirável. As luzes começam a falhar freneticamente alternando seu brilho, até que o mesmo se esvaísse completamente. O escuro profundo apodera-se de tudo. Toda a casa parecia suspensa em nuvens de horror liquefeito, e olhos forjados em puro mal emergiam das paredes, todavia, invisíveis.

 Sussuros e passos podiam ser claramente ouvidos através das paredes de madeira oca, como se cada indistinguível palavra fosse dita ao pé do ouvido.

A porta de entrada da residência se desfaz em um violento ataque.

Sua alma parecia ter sido suspensa no mais negro vazio. Seu corpo, submisso, seguiu.

A desolação de uma presença imersa em escuridão oblitera seus sentidos, um a um, poupando-lhe somente a visão, que viria a descobrir segundos depois, de forma proposital.

Suas filhas estavam em perigo… suas vidas, mais preciosas que qualquer tesouro mundano, ameaçadas.

Porém, suas mãos e pernas estavam presas por invísíveis correntes feitas de um medo imensurável. Seu corpo, era agora seu cativeiro.

A realidade se desfaz em mil farpas, e a batalha entre o desconhecido e sua própria definição do que era real, tem início.

O grande e misericordioso Deus, no qual acreditava incondicionalmente até esse derradeiro episódio, já não mais os podiam alcançar. Se já houve tal entidade onisciente olhando pelos mortais que aqui jazem, vivos ou mortos, nem O próprio seria capaz de realocar tantos fragmentos de loucura nos trilhos da racionalidade novamente.

Nada era certo… nada e tudo… indistinguíveis… diante de seus poupados olhos, se tornam um.

 

Ato 2 – A Visita

É Abril de 2001, dia 15, Domingo.

A luz do sol me cega por um segundo. Rebecca abre todas as janelas de nosso quarto, e insiste que eu acorde. Eu brevemente olho meu relógio… 07:03 da manhã. Eu não queria sair da cama. Um semana de cão no trabalho… severas e longas dores de cabeça sem explicação… Noites mal dormidas, sem um mísero sinal de relaxamento. Eu estava me sentindo um lixo. Eu só queria descansar, e fazer absolutamente nada por um tempo. Eu merecia isso.

Mas como poderia resistir a qualquer pedido ou desejo vindo de um sorriso tão lindo quanto o de Rebecca. Ao longo de seis anos juntos, dizer “não” a ela era uma tarefa digna de Hércules, e executada com baixíssimas taxas de sucesso. Para ser honesto, não me recordo claramente se algum “não” chegou a funcionar. E o mais engraçado, é que eu não dava a mínima.

Me levanto da cama, direto para um banho frio. Ele parece levar embora minhas preocupações com as correntes gotas de cristal líquido, uma a uma. A sensação é boa… e me sentir bem assim era raro luxo nesses tempos, razão pela qual aproveitei-a ao máximo.

Logo após, coloco minhas roupas, e me recordo do que me aguarda em poucas horas… Dr. Henry Stansfield. Um dos mais renomados psiquiatras de todos o país. A mera lembrança dos honorários da visita ao seu consultório tinham o incrível poder de me deixar furioso até os ossos. Eu podia comprar três TVs gigantes para a casa somente por poder tê-las, com o mesmo valor… mas era minha última tentativa. O último Ás de Espadas na manga…

Nossa segunda filha, Marie, estava à caminho da escola, junto a sua irmã mais velha, Sophie, que terminava seu café da manhã. Ambas me dão beijos e se despedem em direção ao clássico ônibus amarelo. A raiva e as TVs se esvaem de meus pensamentos. Eu fazia isso por elas. Eu já não podia me dar ao luxo de me esconder atrás de frascos amarelos e pílulas mágicas. Meu demônios tinham que ser encarados, e aquele era o dia para tal.

Nada importava mais que manter a unidade da família.

Rebbeca me recorda o quão longe de nossa casa fica o consultório… corremos para o carro e apressamos a partida para evitar custos extras pelo atraso. Ela dirige.

Por dentro, sentia como se estivesse andando minha própria milha verde. Era apenas uma visita ao médico, mas a ansiedade e dor excruciante em cada junta de ossos do meu corpo se recusavam a absorver o fato.

Eu não a deixo perceber nada. Eu aumento o som do rádio, e lhe dou um sorrio enquanto uma de minhas músicas preferidas disfarçam uma mera fagulha de minha angústia… sempre admirei o poder da música sobre a mente. Mágico, mas pouco eficiente em meu caso.

Agora estamos no estacionamento. Minha frequência cardíaca vai de assustadora para Mach 3 em um segundo. Suor frio pinga de minha sombrancelhas e queixo, às bicas. Rebecca enxerga um belo prédio, ornamentado ao melhor estilo renascentista, enquanto eu vejo a forca, onde muitos encontraram seu fim ao som de uma audiência ensandecida… e ao topo desse pódio de horror, o Carrasco, sorrindo.

Aguardamos poucos momentos em uma recepção tão bem ornamentada quanto a fachada, e então, meu nome é proferido ao vento. Chegou a hora

Adentro o consultório, e cumprimento o Doutor. Apesar do ameno sorriso em seu rosto, eu podia sentir seus olhos já trabalhando arduamente: analisando, medindo, e procurando por sinais que nem eu mesmo tinha certeza do que seriam.

Eu agora suava como uma cachoeira, sufocando naquela masmorra claustrofóbica. Rebbeca me extende um lenço, e um olhar sereno. Devo dizer que apenas o lenço fora realmente útil.

Deixo que ela dê início a conversa, uma vez que meu perfil psicológico impresso estava em sua bolsa. Após uma breve troca de palavras às quais não prestei nenhuma atenção, ela o entrega a ele. O grande relógio atrás da pomposa cadeira do profissional parece correr ao revés. Cada segundo encarando seus ponteiros e as opacas parades ao seu redor pareciam uma vida na Terra.

Sadicamente, Stansfield passa página a página do documento vagarosamente. De tempo em tempo, sinto seus olhos me atravessando como lança atirada contra um véu de seda. Como contramedida, me focava totalmente em minhas mãos ao redor das de Rebecca… quanto mais ela se esforçava em me confortar, mais eu queria que a tortura acabesse, e me deixassem ir.

Finalmente, ele olha diretamente em meus olhos, e a inquisição tem seu início. Respondo cada questão rapidamente, para acabar com aquilo o mais rapido possível. Sua voz se cala por alguns segundos, and ainda, seus olhos permanecem sobre mim, como um obcecado Beholder ao controle de seu mestre, tentando encontrar respostas para perguntas ainda não feitas.

Meu disfarce de paz e tranquilidade começa a trincar feito fino vidro ao toque de um dedo. O cara era bom, tenho que admitir. Sua fama não o seguia em vão.

Minhas mãos tremiam, enquanto ele se erguia por detrás de sua mesa de puro mogno, em minha direção. Ele sentou-se sob a mesa, ao meu lado, olhando em meus olhos com um vago sorriso, que eu não sabia distinguir se transparecia prazer, ou simples curiosidade.

“Sr. Phillips, o senhor têm tido algum tipo de ilusão de ótica, sonhos vívidos em plena luz do dia, ou alucinações nos últimos tempos?” – perguntou Stansfield, calmamente, e absolutamente à prova de mentiras. Seus olhos estavam fixados aos meus de uma forma que eu jamais vira. A experiência beirava a hipnose.

Eu podia jurar que ele podia olhar através de minha forma física. Dentro de minha própria alma. Me senti um rato acuado em um canto, como nos desenhos animados… mas para meu azar, sem um martelo gigante com o qual pudesse me defender de meu perseguidor.
Mentir não era uma opção. Enfim… eu tinha que dizer a verdade… mas não em sua totalidade… caso contrário, eu certamente passaria o resto de meus dias em um sanatório, sendo extremamente otimista…

Eu respiro profundamente… e começo a falar.

Por Thiago M. Ribeiro

Of Sinister Intent – Act 2 – The Visit

It’s April 15th, 2001, Sunday.

The sunlight blinds me for a second. Rebecca opens up all windows in our room, and insists for me to wake up. I check the clock. 07:03 A.M. I did not want to get off the bed. Harsh week at work. Severe and longing headaches with no plausible explanation. Barely sleeping… no sign of relaxation, at all.

 I was feeling like shit. I just wanted to rest and do nothing for a while. I deserved it.

But how could I resist any request or wish from such a beautiful smile, as Rebecca’s? Along these 6 years together, saying ‘no’ to her was a Herculean task, and performed with low rates of success. To be honest, I don’t remember clearly if a ‘no’ ever worked. And I did not mind.

I rise from the bed, to a cold shower. It seems to wipe away all my worries with the crystal running water. It feels good… and feeling good was a rare emotion these days, reason for I cherished the most of it.

I put some clothes on, and remember what waits for me in a few hours… Dr. Henry Stansfield. One of the most popular Psychiatrists in the whole country. Remembering the costs of this visit had the gruesome power to make me mad to the core of my bones. I could buy 3 new big ass TVs to the house just for the sake of having it… but, it was my last effort. The last ace of spades on my sleeve.
Our second child, Marie, was on its way, and I could not stand resilient to face my demons no longer.

It was all for them.

Nothing could mean more than the family unit.

Rebecca remind how far from home is the Doctor’s Office… we rush to the car to avoid extra expenses for a late arrival.

She drives… deep within, it felt like I was walking my own green mile. It was just a visit to a Doctor, but the anxiety and pain on each bone of my body resisted to understand it. I don’t let she notice anything. I turn up the volume on the car stereo, and smile at her as one of my favorite songs engulf a fragment of my anguish… I always admired the music’s power over minds. Magical.

We’re in the parking lot now. My heartbeat goes from fast, to Mach 3 in a second. Cold sweat drips from my eyelids and chin. She sees a fancy building. I stare at the gallows… and the man waiting therein… the Hangman. My Executioner.

I shake hands with the Doctor. Despite the welcoming smile on his face, I sense his eyes are already working on me. Analyzing, measuring, and searching for things only he is aware of. I was dripping like a waterfall, and choking in that claustrophobic dungeon.

I let Rebecca start the conversation, once she has my psychological profile in her purse. She hands it to him. The big clock behind him seems to run back in time… every second staring at the opaque walls were a lifetime on Earth.

Sadistically, he slowly reads every page of it. From time to time I could sense his eyes scanning me, but as countermeasure, I focused all my attention on my hands around Rebecca’s… the more she tried to comfort me, the more I wanted out.

He finally looks upon me, and starts the inquiry. I answer every question quickly, to end that the faster I could. His voice goes silent for a few seconds, and yet he stares upon me, trying to find answers to questions not made. My disguise of peace and softness starts to crack. The guy was good, have to admit. His fame was not in vain.

My hands were shaking, while he rises from behind the marble desk towards me. He takes a seat upon the desk, looking down into my eyes with a smile I could not distinguish from of pleasure, or curiosity.

“-Mr. Phillips, did you have any kind of delusion, daylight dreams or hallucinations nowadays?” – quoted Stansfield, calmly, and absolutely cheat proof. His eyes were fixed on mine in a way I never saw before. I could swear he was looking through me. Into my very soul. I felt trapped in a corner, like a rat in the cartoons… but with no magic giant hammer to crush my pursuer. Lying was not an option. At last… I had to tell them the truth… but not all of it… otherwise, I surely would end up in a sanitarium for the rest of my life, being very optimistic.

I take a deep breath… and start talking.”

Of Sinister Intent – Prelude

To my foreign readers, the prelude of my upcoming book, as it was conceived. On my “not-natural-but-more-fluent-than-the-natural” language. Hope you all enjoy.

“A widower father suffers from a rare kind of schizophrenia, the very same controlled by powerful medications.

His two daughters, overwrought by the sudden loss of their mother, are unaware of the father’s problems, which seem to be fully dedicated to his brood, despite the unfortunate fate of his also trouble-minded wife.

Night after night, disjointed fragments of sullen memories inhabited his nightmares, altogether with shades of figures beyond the grasp of comprehension…

In the night of October 10th of 2006, despair sovereign undisputed on the kingdom of this man’s mind.

Figures that solely dwelled in his haunted dreams were now, somehow, alive. Their presence, unquestionable.

 The chilling cold and the fine layer of thin ice on the windows took away most of his air, while the lights and the whole environment became heavier, and oppressive.

Whispers and footsteps could be heard through the wooden walls, as if they were closely uttered in his ear.

The main door of the house crumbles to a violent strike.

His soul seems to be frozen. His body followed.

The overwhelming presence of pure darkness obliterates his senses, one by one… except for his sight.

His children were in danger. Their lives, threatened. His hands, tied by invisible shackles of fear.

Reality is torn apart, and a struggle between the unknown and his own definition of what’s real or not, begins.

The One True God, in which he believed so unconditionally, could not reach them anymore. If there ever been such omniscient entity watching over humanity, not even it could put all this madness on rails again.

Nothing was certain… nothing, and everything… indistinguishable… morphed into one.”

Thiago Ribeiro

De Sinistras Intenções – Prelúdio

“Um pai viúvo sofre de um raro tipo de esquizofrenia, o mesmo controlado por medicamentos pesados.

Suas duas filhas, devastadas pela súbita perda da mãe, são propositalmente alheias ao problema do pai, que parece ser totalmente dedicado a sua prole, desprezando o infeliz destino de sua também mentalmente instável esposa.

Noite após noite, desconexos fragmentos de nefastas memórias habitavam seus pesadelos, ao lado de vultos de figuras e seres além do alcance de sua compreensão.

Na noite de 10 de Outubro de 2006, o desespero reinava soberano e incostestado sob a mente deste homem.

Figuras e seres que unicamente habitavam seus sonhos mais obscuros agora estavam, de alguma forma, vivos. Sua presença, inquestionável.

Repentino e opressor, o ar se torna gélido, enquanto uma inexplicável e fina camada de gelo acinzentado cobre as janelas, em ritmo sádico. O mesmo se torna irrespirável. As luzes começam a falhar, freneticamente alternando seu brilho, até que o mesmo se esvai. O escuro apodera-se de tudo. Toda a casa parecia suspensa em nuvens de puro horror, e olhos forjados em puro mal emergiam das paredes, todavia, invisíveis.

Sussuros e passos podiam ser claramente ouvidos através das paredes de madeira oca, como se cada indistinguível palavra fosse dita ao pé do ouvido.

A porta de entrada da residência se desfaz em um violento ataque.

Sua alma parece ter sido também criogenicamente congelada, seu corpo seguindo.

A desolação de uma presença imersa em escuridão oblitera seus sentidos, um a um… poupando somente a visão, propositalmente, o que viria a descobrir em segundos.

Suas filhas estavam em perigo. Suas vidas, mais preciosas que o maior dos diamantes, ameaçadas. Mas suas mãos, estavam presas por invísíveis correntes feitas de medo, o mantinham em cativeiro.

A realidade se estilhaça, e a batalha entre o desconhecido e sua própria definição do que era real ou não, têm seu início.

O grande e misericordioso Deus, no qual ele acreditava incondicionalmente até esse derradeiro episódio, já não mais o podia alcançar. Se já houve tal entidade oniciente olhando pelos mortais que aqui jazem, nem Ele próprio seria capaz de recolocar essa loucura nos trilhos da racionalidade.

Nada era certo… nada, e tudo… indisguinvíveis… diante de seus poupados olhos, se tornam um”

Thiago Ribeiro

De Mãos Dadas

“Mudança repentina de eventos… progressivo e constante desinteresse pelos prazeres da fuga da mente, à lugares que jamais existirão, e a sentimentos que nunca serão reais. Sem esconderijo. Sem rota de escape.

Apatia a tudo e todos que me incomodam a tempos, e muitas verdades, a muito guardadas a sete chaves pelas convenções sociais que me calaram, sendo lançadas como enxames de vespas raivosas à quem as merece.

Ao receber a dádiva da vida, não me recordo de ter assinado papéis e contratos cheios de obrigações e entrelinhas capiciosas. Por consequência, e teoricamente, deveria ser livre para desfrutar infatigavelmente todas as possibilidades em meu caminho.

Infelizmente, não é possível abraçar tal filosofia em sua completude, uma vez que o pão de cada dia não é entregue em minha casa por deus nenhum, de nenhum panteão.

A raiva, a mágoa, a solitude, de mãos dadas, dançam em ritmo macabro à minha volta… mas já não me importo.

Se entreguei os pontos?… a resposta: não.

Vou eu lutar contra essas forças combinadas?… a verdade: tão pouco.

Me juntarei a obscura ciranda, pois ela reflete a vida em sua mais pura forma: uma sinfonia caótica, de harmonia nauseante, que ao seu final, pode revelar belezas além do imaginável, atrocidades a anos luz de nossa vã compreensão, o terror do vazio absoluto, ou, uma surpresa, boa, ou ruim.

É uma pena que nesse mundo, boas surpresas estejam em falta no estoque. E ao que me parece, não existe data ou previsão para reposição.”

Thiago Ribeiro